sábado, 21 de agosto de 2010

Silêncio

Eu quero gritos, eu quero mais, mais, sempre mais, cada vez mais alto!
  
Eu quero me desfazer, quero aprender, quero pegar de volta.
Quero morrer, quero voltar a viver, quero me tornar imortal.
  
Pessoas solitárias, barulho ensurdecedor, tranqüila inquietação,
Arquitetura em guardanapos, poemas em papel de pão...

Derrubem o pano, abaixem as cortinas, vou falar coisas sem sentido,
Acendam as luzes! Vou lembrar o futuro e viver o passado.

Sem sentido, sem sentidos, seguindo serei só, salvo e sóbrio.
 Guitarras, tambores e mais gritos...

“O que há é o que é e o que será... Nascerá.
Se lembrar de celebrar muito mais...”

Separar, parar pra pensar, pensar em parar, seguir sem pensar.
 O que não resta já não tem, o que tem é o que nos resta...

Recitar, proclamar, gritar, cochichar, segredar.
 A pressa, a prece apressada. O preço, pretexto passado.

O feto afetado pelo afeto. O parto, a partida...

Cala-te! Grita com o teu silêncio para que ele se levante.
 Letras soltas, palavras passageiras, frases infinitas.

A perfeição do caos longe do cais. Pra que tanta explicação?
 
Apaga as luzes, estende as cortinas...
 Aplauso e apreço solitário.

Recolho-me...


Referência: “ “...” “ – O Teatro Mágico

2 comentários:

  1. Hum..., descobri de onde vem tanta inspiração... O Teatro Mágico nos permite excelentes reflexões sobre a vida e sobre si mesmo... Mas Anitelli que se cuide, porque logo você o colocará pra trás, rsrsrs. Parabéns pela tranqüila inquietação ‘contradizente’ que gerou esse lindo poema!

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  2. Marcelo, esse poema é ENCANTADOR!! Vc tava no ápice da sua inspiração quando o compôs!

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